quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Idiossincrasias

O negócio é não ficar se culpando tanto, nem condenando tanto. 
O negócio é lembrar que somos todos feitos de erros e acertos.
Somos feitos de imperfeições, nossa essência exala nossos medos, coragens, vontades, frustrações, decepções, realizações...

Somos uma constante mutação, uma constante metamorfose.
Avalio minhas extremidades constantemente.

Sei que já não possuo o vigor dos 20 anos, deixei de ser aquela ninfeta dos anos 90.

Sei que não tenho o corpão violão que é vomitado na cara das mulheres diariamente pelas revistas, pelos papos machistas, seja de oficina mecânica, seja de presidência de empresa.

Sei que não tenho estilo glamouroso...

Desconheço marcas, grifes e nomes pomposos da sociedade da moda e não critico que conhece.

Eu deveria ter nascido, vivido e morrido na era hippie de Woodstock.
Meus óculos redondos a la John Lennon não são os mais bem quistos, mas são os que me fazem sorrir quando me olho no espelho.

Não falo várias línguas, não conheço muitos lugares.
Meu lar já desmoronou diversas vezes, meu coração já foi esmigalhado outras tantas diversas vezes.

Tenho gírias, tenho manias, tenho gostos duvidosos (pros outros), mas minha essência é igual a de todo mundo...aquela que exala medos, coragens, vontades, frustrações, decepções, realizações...

Aquela que me mantém viva.
Aquela que me mantém forte, nem sempre firme, nem sempre ereta, nem sempre errada e nem sempre certa.
Aquela que me faz rever conceitos, opiniões, pessoas...
Aquela que me faz não querer ver mais nada depois de tudo que já foi visto.
Aquela que me permite, no auge dos meus 40 anos, ainda querer ser muito mais do que querer ter – se bem que ter, hoje, soa com mais tranquilidade porque eu sei quem controla o que, eu estou sempre no comando do meu querer ter.

Sinto muitas vezes o cansaço físico me consumindo.
Sinto a dor do filho que empaca pra crescer – e eu consigo entender, porque crescer dói – e ele não consegue (ainda) entender que a dor é inevitável e necessária. E doemos e crescemos juntos.

Sinto a dor da ausência do colo de mãe, do olhar materno dentro dos meus olhos e ouvidos e poros e corpo inteiro...

Sinto a vontade tamanha de superar tudo que fica espezinhando minha mente, de tocar o foda-se, sem magoar ninguém....e também não mais me magoar.

Vem aquele sentimento de força indestrutível de que agora eu vou acertar.

O sonho de que vou abrir meu computador e o show do milhão vai me sortear sem roletas, sem dados, sem cartas escritas a próprio punho.

E volto pra realidade, e eu amo essa realidade cheia de paradoxos sentimentais.
Cheia de tabus, de barreiras que preciso aprender a contornar.
E eu me culpo...mas o negócio não é ficar se culpando tanto...condenando tanto.

É não querer ser perfeita pra tantos, nem pra si...


O lance é fazer de cada dia, aquele dia mais que especial, seja na loucura, seja na brandura, seja nas esquisitices, seja nas normalidades...seja como for, sendo feliz, se aceitando com todas as idiossincrasias que nessa vida tiver. E eu sou cheia delas. 

Explodo idiossincrasias...graças a Deus!