O negócio é não ficar se culpando tanto, nem
condenando tanto.
O negócio é lembrar que somos todos feitos de erros e
acertos.
Somos feitos de imperfeições, nossa essência
exala nossos medos, coragens, vontades, frustrações, decepções, realizações...
Somos uma constante mutação, uma constante
metamorfose.
Avalio minhas extremidades constantemente.
Sei que já não possuo o vigor dos 20 anos,
deixei de ser aquela ninfeta dos anos 90.
Sei que não tenho o corpão violão que é
vomitado na cara das mulheres diariamente pelas revistas, pelos papos
machistas, seja de oficina mecânica, seja de presidência de empresa.
Sei que não tenho estilo
glamouroso...
Desconheço marcas, grifes e nomes pomposos da sociedade da moda e
não critico que conhece.
Eu deveria ter nascido, vivido e morrido na era
hippie de Woodstock.
Meus óculos redondos a la John Lennon não são
os mais bem quistos, mas são os que me fazem sorrir quando me olho no espelho.
Não falo várias línguas, não conheço muitos
lugares.
Meu lar já desmoronou diversas vezes, meu
coração já foi esmigalhado outras tantas diversas vezes.
Tenho gírias, tenho manias, tenho gostos
duvidosos (pros outros), mas minha essência é igual a de todo mundo...aquela
que exala medos, coragens, vontades, frustrações, decepções, realizações...
Aquela que me mantém viva.
Aquela que me mantém forte, nem sempre firme,
nem sempre ereta, nem sempre errada e nem sempre certa.
Aquela que me faz rever conceitos, opiniões,
pessoas...
Aquela que me faz não querer ver mais nada
depois de tudo que já foi visto.
Aquela que me permite, no auge dos meus 40
anos, ainda querer ser muito mais do que querer ter – se bem que ter, hoje, soa
com mais tranquilidade porque eu sei quem controla o que, eu estou sempre no
comando do meu querer ter.
Sinto muitas vezes o cansaço físico me
consumindo.
Sinto a dor do filho que empaca pra crescer – e
eu consigo entender, porque crescer dói – e ele não consegue (ainda) entender
que a dor é inevitável e necessária. E doemos e crescemos juntos.
Sinto a dor da ausência do colo de mãe, do
olhar materno dentro dos meus olhos e ouvidos e poros e corpo inteiro...
Sinto a vontade tamanha de superar tudo que
fica espezinhando minha mente, de tocar o foda-se, sem magoar ninguém....e
também não mais me magoar.
Vem aquele sentimento de força indestrutível de
que agora eu vou acertar.
O sonho de que vou abrir meu computador e o
show do milhão vai me sortear sem roletas, sem dados, sem cartas escritas a
próprio punho.
E volto pra realidade, e eu amo essa realidade
cheia de paradoxos sentimentais.
Cheia de tabus, de barreiras que preciso
aprender a contornar.
E eu me culpo...mas o negócio não é ficar se
culpando tanto...condenando tanto.
É não querer ser perfeita pra tantos, nem pra
si...
O lance é fazer de cada dia, aquele dia mais
que especial, seja na loucura, seja na brandura, seja nas esquisitices, seja
nas normalidades...seja como for, sendo feliz, se aceitando com todas as
idiossincrasias que nessa vida tiver. E eu sou cheia delas.
Explodo
idiossincrasias...graças a Deus!