quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O forro de noiva

A primeira vez a gente nunca esquece.

Não, não ...não estou falando nada disso que vocês estão pensando.

Eu criei expectativas sim, ué...macaca véia também cai do galho.

Criei e fantasiei e imaginei...e tudo isso e mais um pouco, afinal eu estava bem ansiosa pra ver, experimentar . Dormi pouco, fiquei contando os dias no calendário, bem coisa de adolescente prestes a fazer 15 anos.

Pois é, fiquei assim, meio boba alegre, com frio na barriga, cheguei lá e...

A loja abriu 9h00 e 8h58 eu já estava lá, levei mãe, marquei com a sogra, com a tia argentina, falei pra todo mundo que iria fazer a primeira prova do meu vestido de noiva...me preparei, encolhi a barriga, respirei fundo e fui toda toda...

Fui bem recebida na porta, semi-aberta, e logo me levaram pro andar de cima.

Sentei bem bonitinha com minha mãe e de repente vi alguém passando com um daqueles cabides com protetor de roupa...finiiiinho...
Levaram pro provador. Olhei pra minha mãe e disse: não, não pode ser aquilo, não tem nada ali dentro, acho que vão pegar o vestido e depois colocar ali.

Um minuto depois passou o estilista todo sorridente e saleroso....”vamos Márcia?”

Vamos pra onde?

Pro provador, querida

Pra que?

Pra experimentar e modelar o vestido

E cadê o vestido?

Tá aqui – apontou descaradamente para aquele cabide esquálido, sem vida dentro do provador.

Nesse momento acho que fiz a cara de mais decepcionada do mundo...não era possível que tivesse um vestido ali dentro, mas...vamos lá ver..

E não é que NÃO era mesmo?

A costureira fechou a cortina do provador, fiquei ali olhando pra ela e esperando que ela me vestisse com um pedaço de pano branco...semi costurado....que eles chamaram de forro.
Minha mãe ria que se matava, e eu tentando entender e procurando saber quando é que levariam meu vestido.

Não tem vestido, fia. Hoje é só pra tirar a modelagem do seu corpo, esse é o seu forro.

Tá brincando! Não tem vestido? Não tem champanhe? Não vou subir naquele mini palco pra você ficar ajustando em mim? Nem vou desfilar meu lindo corpitcho pelo salão pra vocês verem como vou ficar linda?

(minha mãe, já quase sem ar de tanto rir e tentando manter a postura de quem sabia que isso ia acontecer...sabia nada, tava tão empolgada quanto eu... )

Acho que despertei pena na costureira, ela me olhou com olhos de dó....coitadinha dessa menina.

Do outro lado da cortina, e não menos zombeteiro, o estilista rindo tentou me confortar...


Eu tava tão decepcionada que nem pude reagir...eu não sabia se ria ou se chorava...ou se enforcava ele.

Em menos de 5 minutos – eu disse CINCO MINUTOS – eu já estava despida do meu forro branco...olhando tudo e todos como se estivessem em movimentos de câmera lenta..vesti minhas roupas e ainda arrisquei:

É sério? Só isso mesmo? E o que eu faço agora?

Pode ir embora.

Como assim? Ir embora, já? Não !  Não!  Vou ficar aqui mais um pouco pelo menos, pra minimizar minha dor..mal cheguei!

E dalí pra diante foi apenas humilhação, quase implorando que alguém me fizesse um carinho de consolo....nem um café...champanhe nem pensar.

Mas não, apenas uma nova data para a segunda prova – que me prometeram ser melhor...

Nessa altura já tinha avisado pra sogra – que nem conseguiu chegar de tão rápido que eu saí.


Mas, depois da decepção...tcharaaammm: Vem a nova prova!!! Dois meses e estarei lá de novo...e dessa vez não será apenas um forro...Nããããooo!! Dessa vez eu estarei de forro e de vestido...com mini palco, com champanhe, como imaginação e com muita, mas muita emoção!


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O abraço

Ele me abraçou, levei um susto porque não esperava.

Foi um abraço daqueles com pulinhos, quando a pessoa está feliz. Eu pulei junto, eu sorri junto num misto de surpresa e alegria também.

Crianças sabem abraçar.

Sem um traço de maldade, nem um fio de interesse, só de agradecimento, só de feliz.

Aquele dia foi muito especial...eu esqueci de dores, eu esqueci de preocupações. 

Estar ali me fez bem, mas foi especialmente emocionante aquele abraço despretensioso.

Ele me abraçou...sorrindo, pulando e dizendo: "Obrigado, tia"

Aaahhh guri, na verdade.....quem agradece sou eu.





Bazar Beneficente Ceucoi agosto/2015