Acho que agora eu esteja preparada pra conseguir escrever um
texto a altura (ou talvez nunca esteja)
Tem emoções que fogem do controle de tal maneira que todas
as inspirações de escrever vem juntas e em momentos inapropriados, aí fica tudo
uma bagunça aqui dentro pra organizar as palavras, mas acho que nunca terei
palavras o suficiente pra descrever esses últimos meses.
Sonhos a gente tem aos montes e a graça é ir
tentando realiza-los.
Eu já quis ser muita coisa nessa vida...
Já quis ser
bailarina, já quis ser jogadora de vôlei, já quis ser fotógrafa, desenhista,
pintora, cantora...
Já quis ser enfermeira, médica... já quis ser médica
veterinária e ...
Parei de querer... fui dançando conforme a música, pois o
baile não era só meu.
Dancei feliz
Bailei por vários salões, vários ritmos e eu
gosto de dançar, cresci...
Muitas vezes a sapatilha apertou e fez calos, e
sangrou meus pés... e eu continuei a dançar porque era o que tinha que ser feito.
Embalei...
Embolei tules e tutus e entre os sonhos e
mamadeiras rodopiei sorrindo, muitas vezes apenas com a boca, mas a maioria das
vezes com a alma toda.
Até que o salão ficou vazio mais uma vez e dessa vez eu não
sabia que ritmo dançar... mas como assim? Quem precisa de música pra dançar,
nem de plateia, solta o corpo mulher!
Mas o corpo tava doendo e as sapatilhas foram encostadas na
parede...e eu apenas andei pelo salão
Fucei meus sonhos... ele ainda tava lá...
Ele, aquele desejo
de menina (dentre tantos) ainda tava lá me olhando como criança danada
esperando ser descoberta do esconderijo...
Abri a porta e a luz entrou... olhei pra baixo e ele tava lá
sentadinho olhando pra mim como quem diz: me pega... é agora, demorou, mas é
agora! E me sorriu... e eu sorri de volta e estendi a mão... ele nem pegou
minha mão, pulou no meu colo e me agarrou de um jeito que me fez sair correndo
atrás das minhas sapatilhas... o baile ia recomeçar.
Pega o tule, pega o lápis, o papel...
E eu saí desembestada, tropeçando, mas não deixei ele cair,
ele já não estava mais só no meu colo... ele já fazia parte de mim... meu
sonho...
Minhas asas abertas, meu coração querendo sair do peito que fez
transbordar pelos olhos e o sorriso que não parava de sorrir.
Ele já era eu e eu já era ele e no passo a passo, entramos
num ritmo perfeito.
Eu sei que talvez pise no seu pé num samba ou numa gafieira,
mas também sei que vamos nos enaltecer numa valsa ou numa salsa.
Ao fim do baile estaremos ofegantes, porém REALIZADOS!