quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Eu sei

 

Tenho na alma dores e vazios

Espaços vagos de soluções

Tenho medos e lágrimas que os sorrisos escondem

Eu sei

Meus ruídos são internos

As paredes do meu corpo tremem, gemem, esperneiam

Eu sei

Arde

Gela

Alfineta

Eu sei

Cerro os punhos, soco o ar

Me debato nos conflitos

Mergulho no meu infinito

Eu sei

Eu sei ressurgir

Refaço os sorrisos

Agradeço mais do que peço

Ninguém sabe!




quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Seu eu em mim em Machu Picchu

 
Vem cá, menina. Senta aqui que preciso te contar uma coisa... algo que faz parte de você, de mim, de nós.

Seu eu em mim

Meu eu em você

Nos encontramos depois de alguns poucos longos anos.

Nosso olho finalmente vislumbrou nosso sonho, de pertinho, tão perto que deu pra tocar.

Sim, senta aqui, quero te contar o que vimos e sentimos daquilo que desejamos.

Se minha voz embargar e a lágrima rolar, não se espante (como se você  não fosse também chorar)... é da emoção de poder te contar que estivemos lá.

Eu suspiro... deixa eu respirar, não que eu precise de tempo pra lembrar, nada será esquecido, mas preciso tomar o folego que o choro rouba.

Quando olhei pela janela, ainda não podia acreditar, mas a vista foi se concretizando diante de nós, não era mais um sonho, menina.

Me vesti de juventude, a sua, e andei cada passo lentamente na minha mente pra te mostrar tudo que eu avistava... era deslumbrante, era fascinante, era real!

Menina, esse seu olhar arregalado tomou conta do meu e o seu sorriso rasgando a face tomou conta do meu e chorei ali, na porta que levava ao nosso paraíso, segurei na mão do nosso amor e fui.

Mas ainda não era o tudo...não, não, não... diante dali tinha mais e nossa foto se revelou, saiu da imaginação, tomou forma, tomou cor, tornou vida.

E eu toquei cada pedra que pude, olhei cada espaço, cada cantinho do céu, deitei na grama, abri os braços e gritei dentro de mim: ESTAMOS AQUI!

E a gente se deixa chorar porque a história não terá fim enquanto eu puder contar. Agora ela é nossa.

Guardei na retina as cores

Guardei nos pulmões os odores

Guardei na boca os sabores

E na minha alma libertei as emoções

Seu sonho foi realizado junto com o meu porque foram nossos!

Obrigada por me esperar.



Agradeço imensamente ao meu amor de vida, meu companheiro, meu parceiro que "nos"  presenteou com essa viagem mágica, inesquecível e tão significativa. Te amo, Rodrigo.







 
 

terça-feira, 9 de agosto de 2022

O senhor das pedras

 

Você veio até mim com pedras na mão

Eu venho até você em nome do senhor das pedras”

Essa frase ecoa diariamente em minha mente desde que a ouvi. 

Uma mensagem enviada por uma entidade muito importante na minha vida, que me conduziu até aqui e me fez conhecer a espiritualidade na sua essência, que me “desenvolveu” e ensinou sobre os valores do amor Divino, de Zambi, do nosso Pai Oxalá.

Das semeaduras e colheitas da vida

Do livre arbítrio

Do amor ao próximo, a caridade sem vaidade

Através dessa entidade eu baixei a cabeça para aprender e seguir sem pestanejar,  Fé.

Oxalá mandou seus anjos para me guiar e Seu Pele Vermelha para me ensinar a aprender com as minhas próprias entidades.

A frase acima me mostra o quanto somos suscetíveis a agir na vingança, na arrogância de sempre querermos ter razão, a revidar...

Enquanto muitos nos atacam com pedras, nós Umbandistas devemos falar em nome do Senhor das Pedras, da Justiça Divina, a que nunca falha, a que nos permite evoluir, pois Oxalá na sua infinita bondade nos permite aprender com os erros e quando não aprendemos, o sofrimento é nossa escolha e não dele. 

Não é Ele quem nos aponta o dedo e nos faz “pagar”, são nossas escolhas. 

Não existe um Deus punitivo, os karmas são impostos por nossas ações diante das situações.

Quando nos jogam pedras temos algumas escolhas: desviar, usá-las como degraus, devolvê-las...

O Senhor das Pedras está para quem sabe usá-las com sabedoria.




terça-feira, 3 de maio de 2022

Passageiros

 

E quando a gente menos espera, já estamos no banco de trás.

Até bem pouco tempo éramos os condutores, agora somos conduzidos.

Conduzidos a vê-los alí, crescidos, independentes, donos de si e do volante, tentando mostrar maturidade de ir e vir sem precisar de conselhos.

Abrimos a janela pra tentar não pensar em nada, porque os pensamentos estão alvoroçados de sensações, sentimentos... um misto de orgulho, com pitadas de medo, com colheradinhas de dúvidas e aqueles ímpetos de querer dizer pra onde ir, que caminho é melhor, que tem menos tráfego, ou aquele beco pode ser ruim de passar, tem muito paralelepípedo, rua estreita, mão única... mas a mão dupla também dá um friozinho na barriga, um arrepio na espinha...

Abrimos a janela pra ventar na nossa cara e o coração tentar desacelerar, já que o tempo acelerou tanto, pisou fundo.

O rádio já não toca as nossas canções, tem dedinhos modernos controlando o dial.

Mal verificamos os pneus e já foram recalibrados.

Mal tiramos o cinto de segurança e veio a curva da vida chacoalhando a gente.

Aquela buzinada na nossa orelha

Dando aquele susto de realidade.

Aqueles olhinhos tão conhecidos da gente, cruzando nosso olhar pelo retrovisor e sorrindo timidamente como quem diz: ei, eu cresci, obrigado

E agente no banco de trás sorri e com os olhos rasos d’água responde: é, meu filho, você cresceu. E agora a passageira da sua vida, sou eu.

 













terça-feira, 18 de janeiro de 2022

um salto de fé

 

Eu não te contei tudo

Do sonho que tive

Daquele que eu saltava, precisava saltar, todos me incentivavam, mostravam que era seguro

E eu relutei, senti o medo real

Que quando vi você e depois vi meu filho, eu pulei

Então aí eu menti pra você, escondi o que aconteceu depois

Eu pulei e senti o impacto

Senti as dores da queda, mas levantei e abracei meu filho...

Chorei de dor, de medo e de felicidade por ter conseguido pular...

Olhei pro lado e vi você, chorando e sorrindo, um misto de emoções, te abracei

E ele te olhou, chorando foi te abraçar, pra te agradecer e ambos choraram, ambos agradeceram por me ajudarem, ambos cada qual com seu pingo transbordante transformador em mim.

E então eu chorei tanto mais... tanto que acordei

Sim, eu escondi porque esse é meu sonho

Sim, eu sei... eu sei ...

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