quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

As bordas de pizza

 

Separa a bordinha que amanhã eu como com manteiga e café.

Toda vez é assim quando tem pizza. Seja em casa, seja na pizzaria...separa que eu vou levar

E nem sempre eu como, porque na verdade, nem sempre fica gostoso no dia seguinte, mas eu quero sempre levar.

E ontem não foi diferente. A pizza acabou, as bordinhas ficaram no prato. “pega um saquinho, vou levar as bordinhas pra comer com café amanhã”.

- Ahhh, olha lá, igual seu vô, sempre pedindo as bordinhas pro dia seguinte comer com café.

Senti um segundo de paralisia

"Igual seu vô"

Meu vô

Olhei pro meu pai, tão parecido, mas tãããão parecido fisicamente

Olhei pras bordinhas de pizza no prato

Meu vô

Então é isso, é por isso... eu sempre peço, mas não sabia exatamente por que, porque nem sempre eu como, mas eu sempre quero

Meu vô

Meu cabecinha de algodão

Meu turquinho fofo

Que saudade de você

Que saudade das férias, da cama com véu pra não entrar pernilongo

Que saudade dos passeios no calçadão da Praia Grande

Do final de tarde vendo televisão ou dormindo no seu colo na cadeira de balanço debaixo do relógio de cuco

Meu vô

As bordinhas no prato, a saudade no peito e o sorriso no rosto lembrando do meu vô...


 

sábado, 16 de dezembro de 2023

contei nos dedos

se passaram 5 meses 

é um bom tempo

e agora, 5 meses depois, não coloco um texto meu, mas... parece que foi feito pra mim que eu desconfio ter outra Márcias espalhadas por ai.

Ou será apenas que os nomes não são iguais, mas os sentimentos se misturam e ficam parecidos porque é assim que a vida corre pra muitas outras pessoas...(?)

eu uso bastante a licença poética

uso reticências

uso pontos dentro de aspas e/ou parênteses

será que o português me permite? será que a licença poética é mesmo pra isso? sei lá...

mas, vamos ao texto que li, reli e copiei... pra voltar à tona depois de 5 meses

"Somos doutrinadas desde cedo a “parecer”.
Parecer ser bem-educada, parecer ser estudiosa, parecer ser de "boa família" (e eu sei lá o que isso de fato significa), parecer ser uma menina “direita” (e mais uma vez não sei o que isso significa). Somos ensinadas a esconder nossas partes mais primitivas, instintivas, cruas e naturais atrás de um estereótipo de "boa moça". Porém, nunca tive vocação para tal, nunca tive vocação para ser “a boa moça”, embora seja uma moça boa (na maior parte do tempo). É que, de forma geral, as pessoas se importam mais com o que parece, tipo joia banhada a ouro ou joia de vidro. Só que eu nunca fui a mulher da joia, eu sempre fui a mulher do colar de concha, da pulseira de corda, da bijuteria com cara de bijuteria. Eu não tenho que parecer ser alguém que eu não sou, nem gostar do que eu obviamente não gosto para ser vista pelos olhos dos outros como alguém de sucesso. Sucesso, essa palavra que, afinal, tem tantos significados e engessamos em apenas um, limitamos a palavra sucesso e a atrelamos à posição financeira, status e só. Enquanto para mim sucesso é ter saúde mental, física e espiritual, gostar do meu trabalho, ter relações de amizade que me tragam crescimento e críticas construtivas, poder contar com meus amigos, poder contar comigo. Sucesso é saber que não me saboto como antes, que não deixo mais de comer para ficar esquelética e apenas assim ser amada, que posso escutar a minha própria voz e não mais ignorá-la para caber em qualquer lugar que seja apertado e pequeno demais pra mim. Acho que é isso, eu não me dobro mais inteira para caber em lugares pequenos demais. Eu faço uma analogia com uma árvore dentro de uma caixa: eu sou uma árvore que não para de crescer e que, para continuar frutificando, busca incessantemente a luz, precisa de água na dosagem certa e simplesmente não cabe dentro de uma caixa. Tenho aceitado não ser aceita pelos outros, tenho aceitado a minha forma de existir no mundo, os caminhos que gosto de fazer e como eu gosto de mudá-los. Tenho aceitado a minha raiva; os meus caninos até foram cerrados por um dentista amador, mas eu continuo os sentindo afiados. Tenho aceitado o meu cabelo que é enrolado por natureza e não tento mais domesticá-lo. Tenho aceitado impor os meus limites, mesmo que eles desagradem, firam ou deixem os outros desconfortáveis. Não tenho mais me feito de burra, não finjo mais que não sei sobre um assunto, não visto mais qualquer roupa que não seja a minha pele. A gente tem a ilusão de que quando viaja, experimenta ser livre. Acho graça porque já fui uma dessas pessoas, mas a verdadeira liberdade é ser quem se é em qualquer lugar. Procuramos escapismos o tempo todo quando, na verdade, tudo (e é sério, tudo mesmo) está dentro de nós. É o caminho mais difícil, é o caminho mais tortuoso, é o caminho mais escuro, mais solitário, mais árido, mas, uma vez encarado, é um caminho sem volta. Porque chegar em você, chegar até você, chegar a quem se é, é o único caminho que eu conheço da verdadeira liberdade. O que eu sinto é fome, eu tenho fome de vida, tenho sede de tudo o que ainda quero conhecer, tenho sede mesmo depois de ter bebido todo o oceano. Eu quero a vida plena e viva, quero sentir as coisas, quero sentir a minha pele arrepiar mais vezes, quero sentir outros aromas, conhecer outros lugares dentro de mim mesma, quero me descobrir mais. Toco a vida com graça, faço graça de mim mesma e sou agraciada por nunca ter desistido de mim, por confiar na minha própria voz, por ser eternamente leal ao material do qual sou feita."

 


terça-feira, 18 de julho de 2023

 Enxurradas


Meus eus tantas vezes em conflito

Uns gritos

Uns sussurros

Risos e gargalhadas, ora de graça, ora forçadas

As vezes vêm do intimo

As vezes vem do nada

As vezes puxo na linha pra não perder a  linha

As vezes não adianta

O choro que não vaza

Tem lágrima que fica encruada e alaga mais do que a extravasada

Tem noite que vira dia na madrugada gelada

Tem dia que vira noite quando ainda é madrugada

Tem vezes que quero sentar na calçada, cansada... sento e pulo para não ser tragada pela enxurrada da rua alagada que a lágrima encruada extravasou

O sorriso de canto e o balançar da cabeça ...

Os sussurros olham semi-cerrados o olhar no espelho

Tem tanta licença poética em mim

... mesmo quando tantos muitos julgam que não, eu digo sim

Sim para os meus eus que me constroem e reconstroem

Não tenho vergonha de nada

Com sussurros, gritos, sorrisos e lágrimas

Há o que ninguém tira de mim

A fé dos meus eus, enfim...




 


quinta-feira, 9 de março de 2023

Indelével

 

De tanto em tanto, um suspiro

Sem querer...ele vem

Tentando resgatar o ar perdido dentro do oco dos pensamentos

Perdidos

Do olhar parado

Da voz que cala

De tanto em tanto, subir a tona pra respirar

Das palavras que não cabem

Dos “e se”

Dos "Por quês"

Dos “não pode ser”

Das reticências que a vida fez com a ausência

Repentina

Estupida

De tanto em tanto, uma baforada de cigarro ao lado

Um choro abafado adiante, pelo abraço, pelo nó dos braços, do nós que deixou de existir

Que ridícula a morte do nada

Estragou tudo

Rasgou em pedaços os planos, sem pudor algum

Sem se quer dar sinais

Fez o sorriso largo desaparecer do rosto

Fez o sorriso largo se perpetuar nas lembranças

Fez o aroma do strogonoff de cogumelos invadir as narinas...

Indelével

De tanto em tanto... o tanto da falta que farás.


(em  memória Pati Augusta)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

02h09

 

02H09

Há 26 anos eu conheci o amor em toda sua forma

O amor foi palpável

Teve som, teve cheiro, teve cor

O amor se apresentou divinamente diante de mim

Foi depositado em meus braços e dos meus abraços ele nunca mais saiu

Tomou forma física

Marcou com o choro do nascimento, minh’alma

Tornou o sentimento eternizado de todas as minhas vidas em uma vida vinda de mim

O amor se fez entender

Reverberou no meu universo até então insignificante, e diante de sua grandeza, me fez crescer, me fez SER.

Eu olho pra você e penso: meu Deus, como o amor é lindo.

E agradeço todo dia, por SER.

Agradeço a Deus, a dádiva de SER escolhida para cuidar de um filho D’ele.

Há 26 anos

02h09

Eu conheci o AMOR.



Parabéns, filho.
Te amo


segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

DIVIRTA-SE

 

DIVIRTA-SE

Em letras grandes.

Se você precisa fazer algo, então faça feliz.

Se você precisa levantar cedo pra trabalhar, mesmo que você não ame o seu trabalho, faça seu melhor, faça bem feito, faça agradecendo, pois é dele que você paga tuas contas.

É isso mesmo, simples assim.

Se não está feliz, direito seu, procure algo que te faça feliz. 

Você não é poste e se for, cuidado, poste é parado, aí vem cachorro e mija.

Se mexa

Flua

Movimente-se

Vai atrás de ser quem você sonhou ser.

Se ainda não dá, então continue fazendo o seu melhor, continue agradecendo e emanando energia pro universo, uma hora vai. Ahhhhh vai.

Então, se conselho fosse bom eu continuaria dando: DIVIRTA-SE fazendo que que precisa/tem que fazer todo dia.

É assim que as coisas vão mudar, se você se mexer, se você irradiar energia, pensamento positivo.

É foda, eu sei, tem dia que não rola, mas ainda assim vá e faça bem o que tem que fazer.

Só você pode mudar as coisas.

Se ganhar na loteria ainda não aconteceu, então não tem jeito, levanta e anda, levanta e dança, levanta e canta, levanta e encara o que tiver que encarar.

DIVIRTA-SE!




quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Eu sei

 

Tenho na alma dores e vazios

Espaços vagos de soluções

Tenho medos e lágrimas que os sorrisos escondem

Eu sei

Meus ruídos são internos

As paredes do meu corpo tremem, gemem, esperneiam

Eu sei

Arde

Gela

Alfineta

Eu sei

Cerro os punhos, soco o ar

Me debato nos conflitos

Mergulho no meu infinito

Eu sei

Eu sei ressurgir

Refaço os sorrisos

Agradeço mais do que peço

Ninguém sabe!




quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Seu eu em mim em Machu Picchu

 
Vem cá, menina. Senta aqui que preciso te contar uma coisa... algo que faz parte de você, de mim, de nós.

Seu eu em mim

Meu eu em você

Nos encontramos depois de alguns poucos longos anos.

Nosso olho finalmente vislumbrou nosso sonho, de pertinho, tão perto que deu pra tocar.

Sim, senta aqui, quero te contar o que vimos e sentimos daquilo que desejamos.

Se minha voz embargar e a lágrima rolar, não se espante (como se você  não fosse também chorar)... é da emoção de poder te contar que estivemos lá.

Eu suspiro... deixa eu respirar, não que eu precise de tempo pra lembrar, nada será esquecido, mas preciso tomar o folego que o choro rouba.

Quando olhei pela janela, ainda não podia acreditar, mas a vista foi se concretizando diante de nós, não era mais um sonho, menina.

Me vesti de juventude, a sua, e andei cada passo lentamente na minha mente pra te mostrar tudo que eu avistava... era deslumbrante, era fascinante, era real!

Menina, esse seu olhar arregalado tomou conta do meu e o seu sorriso rasgando a face tomou conta do meu e chorei ali, na porta que levava ao nosso paraíso, segurei na mão do nosso amor e fui.

Mas ainda não era o tudo...não, não, não... diante dali tinha mais e nossa foto se revelou, saiu da imaginação, tomou forma, tomou cor, tornou vida.

E eu toquei cada pedra que pude, olhei cada espaço, cada cantinho do céu, deitei na grama, abri os braços e gritei dentro de mim: ESTAMOS AQUI!

E a gente se deixa chorar porque a história não terá fim enquanto eu puder contar. Agora ela é nossa.

Guardei na retina as cores

Guardei nos pulmões os odores

Guardei na boca os sabores

E na minha alma libertei as emoções

Seu sonho foi realizado junto com o meu porque foram nossos!

Obrigada por me esperar.



Agradeço imensamente ao meu amor de vida, meu companheiro, meu parceiro que "nos"  presenteou com essa viagem mágica, inesquecível e tão significativa. Te amo, Rodrigo.







 
 

terça-feira, 9 de agosto de 2022

O senhor das pedras

 

Você veio até mim com pedras na mão

Eu venho até você em nome do senhor das pedras”

Essa frase ecoa diariamente em minha mente desde que a ouvi. 

Uma mensagem enviada por uma entidade muito importante na minha vida, que me conduziu até aqui e me fez conhecer a espiritualidade na sua essência, que me “desenvolveu” e ensinou sobre os valores do amor Divino, de Zambi, do nosso Pai Oxalá.

Das semeaduras e colheitas da vida

Do livre arbítrio

Do amor ao próximo, a caridade sem vaidade

Através dessa entidade eu baixei a cabeça para aprender e seguir sem pestanejar,  Fé.

Oxalá mandou seus anjos para me guiar e Seu Pele Vermelha para me ensinar a aprender com as minhas próprias entidades.

A frase acima me mostra o quanto somos suscetíveis a agir na vingança, na arrogância de sempre querermos ter razão, a revidar...

Enquanto muitos nos atacam com pedras, nós Umbandistas devemos falar em nome do Senhor das Pedras, da Justiça Divina, a que nunca falha, a que nos permite evoluir, pois Oxalá na sua infinita bondade nos permite aprender com os erros e quando não aprendemos, o sofrimento é nossa escolha e não dele. 

Não é Ele quem nos aponta o dedo e nos faz “pagar”, são nossas escolhas. 

Não existe um Deus punitivo, os karmas são impostos por nossas ações diante das situações.

Quando nos jogam pedras temos algumas escolhas: desviar, usá-las como degraus, devolvê-las...

O Senhor das Pedras está para quem sabe usá-las com sabedoria.




terça-feira, 3 de maio de 2022

Passageiros

 

E quando a gente menos espera, já estamos no banco de trás.

Até bem pouco tempo éramos os condutores, agora somos conduzidos.

Conduzidos a vê-los alí, crescidos, independentes, donos de si e do volante, tentando mostrar maturidade de ir e vir sem precisar de conselhos.

Abrimos a janela pra tentar não pensar em nada, porque os pensamentos estão alvoroçados de sensações, sentimentos... um misto de orgulho, com pitadas de medo, com colheradinhas de dúvidas e aqueles ímpetos de querer dizer pra onde ir, que caminho é melhor, que tem menos tráfego, ou aquele beco pode ser ruim de passar, tem muito paralelepípedo, rua estreita, mão única... mas a mão dupla também dá um friozinho na barriga, um arrepio na espinha...

Abrimos a janela pra ventar na nossa cara e o coração tentar desacelerar, já que o tempo acelerou tanto, pisou fundo.

O rádio já não toca as nossas canções, tem dedinhos modernos controlando o dial.

Mal verificamos os pneus e já foram recalibrados.

Mal tiramos o cinto de segurança e veio a curva da vida chacoalhando a gente.

Aquela buzinada na nossa orelha

Dando aquele susto de realidade.

Aqueles olhinhos tão conhecidos da gente, cruzando nosso olhar pelo retrovisor e sorrindo timidamente como quem diz: ei, eu cresci, obrigado

E agente no banco de trás sorri e com os olhos rasos d’água responde: é, meu filho, você cresceu. E agora a passageira da sua vida, sou eu.