quinta-feira, 9 de março de 2023

Indelével

 

De tanto em tanto, um suspiro

Sem querer...ele vem

Tentando resgatar o ar perdido dentro do oco dos pensamentos

Perdidos

Do olhar parado

Da voz que cala

De tanto em tanto, subir a tona pra respirar

Das palavras que não cabem

Dos “e se”

Dos "Por quês"

Dos “não pode ser”

Das reticências que a vida fez com a ausência

Repentina

Estupida

De tanto em tanto, uma baforada de cigarro ao lado

Um choro abafado adiante, pelo abraço, pelo nó dos braços, do nós que deixou de existir

Que ridícula a morte do nada

Estragou tudo

Rasgou em pedaços os planos, sem pudor algum

Sem se quer dar sinais

Fez o sorriso largo desaparecer do rosto

Fez o sorriso largo se perpetuar nas lembranças

Fez o aroma do strogonoff de cogumelos invadir as narinas...

Indelével

De tanto em tanto... o tanto da falta que farás.


(em  memória Pati Augusta)