sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Pedra Branca 9653



Depois que a gente passa por umas experiências na vida, começa a reconhecer alguns comportamentos alheios.

Eu estava ali, sentada, quase cochilando quando olhei pros passageiros em pé... notei imediatamente o nariz vermelho... não, não era de gripe, de rinite, de coceira... era de choro.

Ela olhou pra cima, engoliu “seco”... balançou o corpo como que querendo espantar aquele choro, aquele pensamento que causava dor...

Segurou... segurou... mas foi inevitável, disfarçou e enxugou um olho...
 respirou fundo, olhou pra cima e enxugou o outro, o olhar perdido pra fora do ônibus...

Me vi alí...tantas vezes segurando as lágrimas, tantas vezes não segurando...

Quem nunca?

Quem nunca deixou a emoção falar mais alto do que as vozes dos transeuntes lotando os ônibus, os metrôs....

Quem nunca usou o cabelo pra tapar o rosto e esconder as marcas daquela dor...

Uma doença, um amor perdido, uma perda em vida, uma perda em morte...

Um desemprego, um mal-entendido, um pedido não feito, um pedido não aceito...

Quem nunca chorou de óculos escuros achando que ninguém notaria.

E quem nota???

Quem um dia também chorou assim, alí, em pé, sentado, escondido ou escancarado.

Ela estava alí, pertinho de mim, vi seus movimentos, tentei ser discreta.

Ela passou por mim, já um pouco refeita, talvez pelos pensamentos mais práticos... o que fazer no jantar, estudar com o filho, arrumar as malas...

Ela passou e eu pedi nas minhas orações que ela consiga enxergar além das lágrimas, que ela consiga descer do ônibus e elevar seus pensamentos... 

Confia que seu coração não se arrependa, mas se se arrepender você aprenda...

Aprenda a enxergar com mais clareza, mais leveza, mais certeza.

Que a dor de agora, não te impeça de tentar de novo...

Seja como for, confia...!



terça-feira, 6 de agosto de 2019

Noite passada


Tem dias que quando o relógio toca eu quero fingir que não escuto

Tem dias que quando sento na cama e ainda tá tudo escuro

Quero tatear e pegar  na sua mão, fazer um carinho no gato, abrir a porta do quarto e ver que nada mudou

Nem sempre a noite passa ilesa dos pesadelos

Nem sempre o dia amanhece

As vezes ele só aparece e eu só vou

Noite passada sonhei com vocês dois se abraçando e eu assisti de longe, pra não 
atrapalhar

E chorei baixinho pra não acordar

A vida passando

A implacável fúria do tempo

Tem tanta lágrima presa no peito

Que vira mar... e eu remo...

Tem coisas que nem eu sei como...

Eu insisto

Ah meu Deus, eu insisto!

Mas nem sempre eu consigo respirar

Me falta ar

Um salto em queda livre

Na confiança que Sua mão vai me amparar

...Nem sempre o dia amanhece

As vezes ele só aparece... e eu só vou




sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Vem Agosto!


É Agosto...e eu gosto do gosto de esperança que ele traz

Que seja gostoso, que não desgaste nosso coração

Mas acrescente um gosto de emoção

De que tudo pode ser mais quente, como o verão, mesmo nessa fria estação

E que Agosto seja feito a gosto do freguês

Quem gosta de descansar, que descanse bem

Mas quem gosta de agito... que gaste energia de montão

Pra quem está sozinho...um gostinho de nova paixão

E pra quem já tem seu amor, uma eternidade de certezas no coração

Então que venha Agosto...

Vem que a gente gosta de começar tudo de novo, mas com a bagagem de

 janeiro a julho...

E com a gana de fazer tudo dar certo daqui em diante

Na verdade, a gente quer que seja de Janeiro a Janeiro, até o mundo acabar

Porque a gente precisa da experiência que a vida traz, mas sem nunca perder a 

esperança de ser mais gostoso

A gente quer ter tranquilidade, mas no fundo no fundo

A gente gosta da ansiedade que o será traz

E aí vem Agosto, o mês que já passou do meio

Mas não finaliza os sonhos

Vamos viver o que dá pra viver, os desapegos materiais, os vínculos emocionais

Os abraços apertados

As mãos entrelaçadas

As palavras silenciosas do beijo apaixonado

Vem Agosto

Vem dizer o gosto que você tem!

Vem!