terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Inferno Interior


O inferno é individual e intransferível

Você pode até achar que nunca ninguém vai saber que você não devolveu o troco corretamente

Que ninguém está vendo o papel de bala que você jogou na rua

Que aquele flerte nunca será descoberto pelo seu par

E de fato....pode ser que ninguém saiba que você surripiou algumas moedas do troco

Que a rua esteja escura e vazia quando você jogar o papel de bala no chão

E seu par jamais desconfie que você fica de paquera com outra pessoa, porque confia cegamente em você

São várias as facilidades pra se fazer coisas desvirtuadas

São vários os momentos em que você se sentirá “o fodão” porque conseguiu se safar ou “se dar bem”.

Mas tem um lugar do qual você jamais poderá se esconder ou se espreitar...sua consciência

E por mais que você ache que pode ficar tranquilo, que não está nem aí pra essa tal consciência, ela vai pesar...

Vai pesar quando for você o pagador e perceber, já longe, que seu troco veio a menos...

Vai pesar quando a chuva cair forte e entupir o bueiro da sua rua e os milhares de papeis de bala vierem à tona

Vai pesar quando seu par rir sozinho olhando pro telefone ou quando não atender sua ligação

O inferno coletivo machuca

Mas o inferno individual, mata! 

E ele é só seu.


terça-feira, 15 de outubro de 2019

Dois pra lá... dois pra cá


Acho que agora eu esteja preparada pra conseguir escrever um texto a altura (ou talvez nunca esteja)

Tem emoções que fogem do controle de tal maneira que todas as inspirações de escrever vem juntas e em momentos inapropriados, aí fica tudo uma bagunça aqui dentro pra organizar as palavras, mas acho que nunca terei palavras o suficiente pra descrever esses últimos meses.

Sonhos a gente tem aos montes e a graça é ir tentando realiza-los.

Eu já quis ser muita coisa nessa vida... 

Já quis ser bailarina, já quis ser jogadora de vôlei, já quis ser fotógrafa, desenhista, pintora, cantora... 

Já quis ser enfermeira, médica... já quis ser médica veterinária e ... 

Parei de querer... fui dançando conforme a música, pois o baile não era só meu.

Dancei feliz

Bailei por vários salões, vários ritmos e eu gosto de dançar, cresci...

Muitas vezes a sapatilha apertou e fez calos, e sangrou meus pés... e eu continuei a dançar porque era o que tinha que ser feito.

Embalei... 

Embolei tules e tutus e entre os sonhos e mamadeiras rodopiei sorrindo, muitas vezes apenas com a boca, mas a maioria das vezes com a alma toda.

Até que o salão ficou vazio mais uma vez e dessa vez eu não sabia que ritmo dançar... mas como assim? Quem precisa de música pra dançar, nem de plateia, solta o corpo mulher!

Mas o corpo tava doendo e as sapatilhas foram encostadas na parede...e eu apenas andei pelo salão

Fucei meus sonhos... ele ainda tava lá... 

Ele, aquele desejo de menina (dentre tantos) ainda tava lá me olhando como criança danada esperando ser descoberta do esconderijo...

Abri a porta e a luz entrou... olhei pra baixo e ele tava lá sentadinho olhando pra mim como quem diz: me pega... é agora, demorou, mas é agora! E me sorriu... e eu sorri de volta e estendi a mão... ele nem pegou minha mão, pulou no meu colo e me agarrou de um jeito que me fez sair correndo atrás das minhas sapatilhas... o baile ia recomeçar.

Pega o tule, pega o lápis, o papel...

E eu saí desembestada, tropeçando, mas não deixei ele cair, ele já não estava mais só no meu colo... ele já fazia parte de mim... meu sonho... 

Minhas asas abertas, meu coração querendo sair do peito que fez transbordar pelos olhos e o sorriso que não parava de sorrir.

Ele já era eu e eu já era ele e no passo a passo, entramos num ritmo perfeito.

Eu sei que talvez pise no seu pé num samba ou numa gafieira, mas também sei que vamos nos enaltecer numa valsa ou numa salsa.

Ao fim do baile estaremos ofegantes, porém REALIZADOS!



sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Doação


Hoje quero pedir a cada um de vocês que pare por um breve momento e olhe pra dentro de si.

Percebam a divindade que há dentro de cada um e mesmo que haja caos por dentro, tanto quanto o caos de fora com a rotina, o relógio apressado ditando as regras, tempos e movimentos, consigam sentir a divindade dentro de si.

Somos filhos de Deus, que benção sentir Sua presença no pulsar do coração que bate ansioso por vida, por felicidade, por realizações profissionais, pessoais, afetivas, mas que muitas vezes esquece da necessidade da nossa alma em se realizar na evolução espiritual que nos foi ofertada pelo livre arbítrio de perdoar, amar, ajudar...

Há um algo a mais dentro de nos que fica adormecido pelo dia que amanhece repleto de coisas a fazer... o relógio toca, mas  não desperta nossa essência...nos faz levantar pra fazer o café, levar o filho na escola, fazer compras no mercado, lavar, passar, cozinhar, elaborar cartas, atas, contratos, atender telefones, nos tira a atenção com fotos, fatos, fakes...  e não nos dá a dimensão da divindade aqui dentro.

Pare

Feche os olhos

Respire

Sinta a perfeição de ser

O corpo pode nem ser perfeito por fora, mas é perfeito por dentro

Acredite

Ore

A gente respira e não faz ideia do que isso representa, é automático

Absorva

Deleite-se

Escute

Normalmente a gente só ouve, mas não escuta...

Tenha pressa, mas não apenas de ter

Tenha pressa de ser... ser feliz, ser plena, ser por alguém, pra alguém...

Ame

Perdoe

Liberte sua vida das amarras mundanas dos desejos de trocas...

Doe

Doe o pão, doe a roupa, mas doe também a mão... doe o olhar de compaixão

Não espere a perfeição de si nem dos outros.

Espere e busque a paz no coração.



sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Pedra Branca 9653



Depois que a gente passa por umas experiências na vida, começa a reconhecer alguns comportamentos alheios.

Eu estava ali, sentada, quase cochilando quando olhei pros passageiros em pé... notei imediatamente o nariz vermelho... não, não era de gripe, de rinite, de coceira... era de choro.

Ela olhou pra cima, engoliu “seco”... balançou o corpo como que querendo espantar aquele choro, aquele pensamento que causava dor...

Segurou... segurou... mas foi inevitável, disfarçou e enxugou um olho...
 respirou fundo, olhou pra cima e enxugou o outro, o olhar perdido pra fora do ônibus...

Me vi alí...tantas vezes segurando as lágrimas, tantas vezes não segurando...

Quem nunca?

Quem nunca deixou a emoção falar mais alto do que as vozes dos transeuntes lotando os ônibus, os metrôs....

Quem nunca usou o cabelo pra tapar o rosto e esconder as marcas daquela dor...

Uma doença, um amor perdido, uma perda em vida, uma perda em morte...

Um desemprego, um mal-entendido, um pedido não feito, um pedido não aceito...

Quem nunca chorou de óculos escuros achando que ninguém notaria.

E quem nota???

Quem um dia também chorou assim, alí, em pé, sentado, escondido ou escancarado.

Ela estava alí, pertinho de mim, vi seus movimentos, tentei ser discreta.

Ela passou por mim, já um pouco refeita, talvez pelos pensamentos mais práticos... o que fazer no jantar, estudar com o filho, arrumar as malas...

Ela passou e eu pedi nas minhas orações que ela consiga enxergar além das lágrimas, que ela consiga descer do ônibus e elevar seus pensamentos... 

Confia que seu coração não se arrependa, mas se se arrepender você aprenda...

Aprenda a enxergar com mais clareza, mais leveza, mais certeza.

Que a dor de agora, não te impeça de tentar de novo...

Seja como for, confia...!



terça-feira, 6 de agosto de 2019

Noite passada


Tem dias que quando o relógio toca eu quero fingir que não escuto

Tem dias que quando sento na cama e ainda tá tudo escuro

Quero tatear e pegar  na sua mão, fazer um carinho no gato, abrir a porta do quarto e ver que nada mudou

Nem sempre a noite passa ilesa dos pesadelos

Nem sempre o dia amanhece

As vezes ele só aparece e eu só vou

Noite passada sonhei com vocês dois se abraçando e eu assisti de longe, pra não 
atrapalhar

E chorei baixinho pra não acordar

A vida passando

A implacável fúria do tempo

Tem tanta lágrima presa no peito

Que vira mar... e eu remo...

Tem coisas que nem eu sei como...

Eu insisto

Ah meu Deus, eu insisto!

Mas nem sempre eu consigo respirar

Me falta ar

Um salto em queda livre

Na confiança que Sua mão vai me amparar

...Nem sempre o dia amanhece

As vezes ele só aparece... e eu só vou




sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Vem Agosto!


É Agosto...e eu gosto do gosto de esperança que ele traz

Que seja gostoso, que não desgaste nosso coração

Mas acrescente um gosto de emoção

De que tudo pode ser mais quente, como o verão, mesmo nessa fria estação

E que Agosto seja feito a gosto do freguês

Quem gosta de descansar, que descanse bem

Mas quem gosta de agito... que gaste energia de montão

Pra quem está sozinho...um gostinho de nova paixão

E pra quem já tem seu amor, uma eternidade de certezas no coração

Então que venha Agosto...

Vem que a gente gosta de começar tudo de novo, mas com a bagagem de

 janeiro a julho...

E com a gana de fazer tudo dar certo daqui em diante

Na verdade, a gente quer que seja de Janeiro a Janeiro, até o mundo acabar

Porque a gente precisa da experiência que a vida traz, mas sem nunca perder a 

esperança de ser mais gostoso

A gente quer ter tranquilidade, mas no fundo no fundo

A gente gosta da ansiedade que o será traz

E aí vem Agosto, o mês que já passou do meio

Mas não finaliza os sonhos

Vamos viver o que dá pra viver, os desapegos materiais, os vínculos emocionais

Os abraços apertados

As mãos entrelaçadas

As palavras silenciosas do beijo apaixonado

Vem Agosto

Vem dizer o gosto que você tem!

Vem!



terça-feira, 30 de julho de 2019

Pegadas de um passarinho



Do clareamento de dentes

A faculdade de jornalismo

Aquele menino disse coisas bonitas sobre o cabelo dela

E deixou de lado o passaporte, mas não o café no meio da manhã...

Pra contar como foi e como está

Porque do futuro ninguém saberá

E foi um conta daqui, um conta de lá

Uma piada solta no ar

E foi um poderia ter sido, que deixou de ser, mas que pra sempre estará 

gravado no coração...

Aquele menino lendo a camiseta dela que dançava pelo salão

 e ela desde sempre foi livre e era só ar...

Enquanto ele era só mar...

Se perdeu no oceano...

... E ela resolveu se tornar terra... 

e ele resolveu voar


quarta-feira, 22 de maio de 2019

Balé das cores



De vez em quando minha alma pega um pincel e colore céus, mares, flores e estradas

Outras vezes a raiva usa um carvão e sai rabiscando toda a tela, cada canto, cada mísero 

canto

Muitas outras a tristeza borra tudo com lágrimas

Tantas vezes foi um dilúvio ...

E diversas vezes a felicidade invadiu e fez da aquarela as cores mais fortes, os tons 

vibrantes se misturando numa balé envolvente

E quando a agonia se fez presente...o balé girou sem rumo e sem par... bailarinos 

desgovernados num grande palco

Mas também dançou a esperança, juntando os pincéis, desatando as sapatilhas, 

desembaraçando os tules da saia rodada

Entre dias nublados, nem tudo foi frio....

Entre dias ensolarados, nem tudo foi calor

Dias ou outros o sorriso amarelou, o coração sangrou

A ponteira da sapatilha falhou e fez calos

Respirei fundo (suspiro)

Um sopro

Vamos lá de novo

A música ainda não parou

O show em que continuar




quarta-feira, 8 de maio de 2019

Deixa chover




Solta esse guarda-chuva...deixa a chuva molhar

Deixa o cabelo lavado de água pura e a alma reverberar suas emoções

As gotas borrarem sua maquiagem de escritório

Tira os sapatos, pisa no asfalto da selva de pedra

Se entrega

Faz de conta que o relógio parou

Que o calendário congelou

Desperta seu instinto

Libera seus gritos

Irradia sua força

A energia que emana do seu eu

Tudo bem se a roupa encharcar....ela vai secar

Tenha paciência

Se hoje chove, aproveite a chuva, o som, o sabor

O sol sempre volta a brilhar...sempre....

Tudo vai secar, mas  você precisa da chuva pra florir.



quinta-feira, 28 de março de 2019

Arena de emoções


Eu sou ré confessa

Sim, sem meias palavras ou defesa....sou ré confessa

Sou culpada pelo seu sorriso estampado no rosto, pelo 

brilho (inesquecível) do seu olhar, do começo ao fim e pós 
fim

Me culpo por ter realizado seu sonho e ter proporcionado 

uma noite regada a gritos, pulos, risadas, palmas...

Senti minha vida ter um sentido e pensei: “tão simples 
assim?”

Então é isso?!

Plantar emoções??

E a colheita da noite foi ver você feliz de uma maneira que

 eu sequer imaginaria. Eu sabia que era importante, que 

seria bacana, mas....não imaginava o quanto.

Você me agradeceu, mas na verdade, quem diz obrigada sou eu.

#minhamaecorinthiana #arenacorinthians



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Marte retrógrado

Me leva pra passear

Me devolve pra mim

Cuida de mim

Como eu cuido de você 

Eu sou sua morada até o fim

Preciso de colo

Preciso de aconchego

Perdi o controle

Marte anda retrógrado

Plutão está em desalinho

E a lua já não fica mais prateada

Tem dias que nem eu acredito que cheguei até aqui

Outros, eu queria ter voltado no tempo

Em muitos, eu nem queria saber quem sou

As janelas do metro estão fechadas

Não entra ar

Sai a água salgada pelos olhos

Deságua o pranto

Seca e volta a sorrir

Então... me leva pra passear

Me tira daqui e me leva até mim

Talvez eu possa me ajudar


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Onze Gatos


Tenho dores na minha alma

Suspiros intermináveis

Vontades de ociosidade de viver...pausei

Queria o sopro de uma adivinhação

Uma previa de futuro pra saber dos por quês

O acordar sem saber

... a vida muda num instante, muito mais rápido do que uma fração de segundos

Um suspiro, um espirro, uma sílaba do seu nome e tudo já não é mais

Essa mania da vida querendo dizer algo

E a gente jamais consegue decifrar o enigma

Vivemos em vertigem, sabemos dos abismos, mas nunca estamos preparados pra voar

E somos empurrados pelo precipício de emoções

Uma queda livre

Deus, onde está sua mão?

Onde estão os nós desatados, atados em laços que parecem que nunca irão 
desenlaçar...mas esticam em seu limite?

Milhões de pensamentos invadindo a mente, perturbando o sono

Os sonhos esparramados no chão....

Estilhaços de um coração

Tanto faz se é dia...

É tudo escuridão

Flashes...

A corda do balde do poço quase não alcança a água

E seca a garganta

Dói quando engole, arranha o choro, esfarela o corpo e o vento leva

Seca....

Pingos de chuva na imensidão de um deserto, me confortam... 

Quero os rios e lagos, mas agora, exatamente agora, me refaço nos pingos

Deixo a chuva chegar de mansinho... 

Regar a alma enrugada de tristeza..

Esperar o temporal...

 É hora de deixar a chuva encher o poço

Escolho não morrer de sede

Dois copos a espera pra brindar