quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Calçados de Vento

Eu sou uma menina assim, meio sem limites pra emoção, simples na vida, de ambição moderada, mais pros outros do que pra mim. Gosto de palavras em frases confusas que os poetas de alma entendem, justamente porque são sem sentido, mas que fazem sentido pra quem sabe ler.

Eu tenho muitos conhecidos, poucos amigos e gosto de colher sorrisos por onde passo. Não sinto vergonha de sorrir, nem pra um gerente, nem pra um aprendiz.

Minha casa é modesta, mas me sinto bem dentro dela, porque nada me falta....eu troco o sifão da pia, pinto a parede da sala, troco o gás da cozinha e subo no telhado pra consertar o vazamento.

Minha gata dorme comigo, sobe na pia pra beber água e depois eu sento com ela no chão pra brincar de pega cordão.

Adoro sentar no chão.

As vezes percebo que as pessoas estranham minha maneira simples de ser.

Bem, eu devo dizer que, graças a Deus, eu tenho educação...de alma e de formação.

Afirmo, adoro um vestido longo de festa, um salto alto, maquiagem e brincos, sei me sentar à mesa e comer com os talheres de dentro pra fora, usando o guardanapo e sorrindo. Bebo o vinho com elegância, a água com delicadeza.

Mas admito, gosto muito do jeans surrado e da mesa farta de macarronada com maionese, da cerveja gelada e da falação da italianada, que fala com a boca e com as mãos.

Tenho raízes pantaneiras, gosto do cheiro da relva, da terra batida, de subir no pé de seriguela e ficar toda ralada. Meus pés são cascados, calçados de vento.

Já passei dias no meio do mato, fazendo trilha, vigília, dormindo no barraco e andando com a iluminação natural da lua, tomando banho de cachoeira e fazendo chá de capim cidreira.

Tenho saudade da Juréia, de Bonito, Paranapiacaba e da fazenda Santa Branca.

Me levanto cedo, sou do dia, mas não dispenso a noite.

Tenho poucas manias e superstições: Passo meus aniversários de vermelho e me dou parabéns assim que acordo. Não espero o Feliz Aniversário, abro os braços e digo: Hoje é o meu dia!

Invasiva, intrometida, abusada.... (?) Talvez...

Exagerada em todos os sentidos, quando me calo...nem um piu; Quando falo, desalinho as palavras na pressa de falá-las. Quando choro...viro um rio.

Acho que já sufoquei amigos e amores com gestos impulsivos... Adoro recados no espelho, bilhetes dentro da geladeira e do fogão.

Gosto de abraço, tenho medo de machucar as pessoas, tenho medo de não amar como gostaria...

Sou umbandista por opção, mas aceito todo tipo de oração.

Queria dizer muitas coisas, pra muita gente, pra não correr o risco de partir sem ter dito coisas boas.
Mas pouca gente entende quando falamos coisas do coração.


Gosto de gérberas, adoro joaninhas, sou apaixoanda por cataventos....



E como terminar esse poema, esse relato, essa declaração de estado existencial???



Não sei...talvez com um ponto final...textos têm ponto final.



Fica o ponto do texto...e as reticências de mim....



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