quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Café da manhã

Ontem eu sentei pra tomar café com minha mãe, logo cedo, cedinho mesmo e eu adoro essa parte do dia porque a gente conversa um pouco, mas ontem eu não prestei muita atenção no assunto que ela falava, não por não estar agradável, mas sim por ter me perdido em pensamentos, olhando pra ela, o som da voz...
Fiquei admirando cada sílaba, cada gesto, cada expressão, cada ruga em seu rosto...
Percebi que o tempo passou, mas que ela continua linda.
Percebi que o tempo passou, e que isso nos leva da vida.... dia-a-dia.
Enquanto ela falava eu ia observando cada traço dos seus olhos, o contorno da sua boca, o sorriso ainda tão encantador...
Pensei no quanto de vida ela ainda tem, no quanto de vida ela já teve;
Das tristezas que fizeram parte da sua historia, das alegrias que superaram todas essas tristezas; dos sonhos que ela não conseguiu realizar; da realidade que nem sempre ela sonhou, mas que soube viver dignamente.
Queria tanto poder oferecer todo o conforto que sua idade e jornada merecem, mas nem sempre a gente pode tudo que deseja então eu ofereço meu tempo, minha atenção e mesmo quando as histórias são repetidas, e muitas vezes são, eu ouço. Mesmo quando não concordo com ela, eu ouço e procuro falar de um jeito que ela não fique triste porque ela triste me dói o coração. Ela doente me dói a alma porque dá medo de perdê-la.
As vezes fico olhando pro teto e pensando no quanto ainda terei de tempo com ela, porque esse é o ciclo da vida mas, e depois, o que eu faço? Como eu faço?
Então, antes que chegue o dia de aceitar a lei da natureza, eu procuro estar perto, beijar seu rosto, afagar seus cabelos, abraçar o abraço mais acolhedor do mundo porque essa é a missão da mãe, acolher....e eu me permito ser acolhida.
Quando ela soltou uma risada eu voltei pa nossa conversa e também ri, sem saber exatamente do que estava falando, mas sabia perfeitamente porque eu estava rindo, de felicidade por estar ali, mais um dia, ouvindo o som daquela voz.

Nenhum comentário: