segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Quem sou eu...

Quem sou eu...

Sou o silêncio, sou a fala, sou o espelho da minha alma;
O cabelo liso, a pele corada, a unha vermelha;
Sou o medo do mar, mas o desafio de nadar;
Sou o fascínio pelo fogo, a rosa amarela, a arruda na fronha;
Sou o dormir de bruços, agarrada ao travesseiro;
A regra quebrada, a lágrima de alegria, a poesia sempre inacabada...
Em construção dia-a-dia.
Sou começo, sou meio, recomeço, nunca fim...
A garganta travada no filme de amor;
A gargalhada solta, os dentes expostos, a fotografia inesperada;
Brisa...furacão...temporal.....
O quadrado que insiste em entrar no redondo
Eu sou
Um pouco de tudo, tudo do nada, o vento, o tempo, a estrada;
A porta aberta, a luz acesa ou apagada, o vento no cabelo, a chuva no rosto..
No corpo...
No choro....
O copo meio cheio, a pipoca do cinema, a dança....ah a dança....
O suspiro, o respiro, a crença, o gato no colo, o filho na alma, o amor no coração....a fé...ah a fé!!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Votos e cleros

Tem coisas que a gente acha que só acontecem nas novelas, nos filmes, nos livros...pois bem, nem tudo acontece só na ficção...

Ana é uma dessas mulheres que quando olhamos, percebemos no ato sua força bruta, sua garra, seu espírito de ir lá e resolver, fazer e acontecer, além da beleza natural.
Isso normalmente espanta e afasta algumas pessoas, principalmente homens que não conseguem conviver com essa independência nata, ou atrai homens sem atitudes, sem brilho, que precisam de alguém que os carregue e não sabem viver sem ser na barra da saia de tamanha força.

Ana é assim, afasta e ao mesmo tempo atrai. Mas por trás dessa força há uma mulher sensível a espera de um grande amor.

Depois de um longo casamento mal sucedido e de alguns vários casos mal resolvidos, Ana se apaixonou perdidamente pelo Eduardo.

Edu não é um homem comum, não é do tipo que vemos nas ruas de terno e gravata, ou no shopping num final de semana, no parque fazendo caminhada ou na balada bebendo, dançando e passando cantadas baratas.
Eduardo não passa cantadas, ele passa sermões, passa A palavra....Eduardo é padre.

E contradizendo todos os cleros e quebrando todos os votos, Edu também se apaixonou por Ana.

Se viram pela primeira vez na missa matinal, o som da voz dele encantou Ana e no primeiro olhar, na benção do terço, ao olhar pra ela...ele também se encantou.

Mas como tudo isso parecia loucura da cabecinha dela, ela resolveu não pensar, não imaginar e rezar pra se livrar dessa tentação.
Sua fé é inabalável, mas suas preces não duraram muito e no encontro casual na praça eles perceberam que seria impossível não se amarem.

O encontro aconteceu sem testemunhas, somente a Lua pode provar o que aquele sentimento provocava neles.

A castidade perdida sob o céu, a emoção contida há tanto tempo deu vazão aos beijos apaixonados, aos abraços apertados e ao amor...sem ser crucificado.

Depois do primeiro veio o segundo e o terceiro e hoje o pecado convive com eles quase que diariamente, mas, por que pecado? Por que amar pra eles pode parecer pecado? Amor é divino, amor é sublime então...por que pecado?

Infelizmente nem tudo que parece divino tem a conotação de bom para os outros. Pra eles, pecado é não viver esse amor.

Um amor sem juras, sem promessas, sem amanhã, sem perguntas nem respostas, um amor que completa, que a alma agradece.

Pros outros esse amor é vergonhoso, é pecaminoso e impuro.

Pra eles é o amor que fortalece, que enobrece que purifica o coração.

Ninguém sabe dessa história, ninguém pode saber além deles 3.....sim, dos 3, Ana, Eduardo e Deus que, com certeza, abençoa.

O que é mais engraçado é que, mesmo com a benção Dele, eles não podem gritar esse amor, mas..... pra que gritar quando o beijo cala?

Amém!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Entre repolhos e abobrinhas

Coisas estranhas acontecem com todo mundo mas, parece que eu tenho o dom!

Sexta-feira é dia de relaxar, seja com amigos, com a família, dançar, dormir...
Eu fui passear com um amigo na última sexta, pra papear, dar risada e coisa e tal.
Encontramos mais uma amiga com amigos e a roda se formou, bebe daqui, petisca dali, o que a gente não fez foi ficar de boca fechada, nem pra falar, nem pra dar risada e aí as horas voaram.
Pra fechar a noite: fomos todos pra casa do amigo, tem música e mais bagunça pra encerrar a semana puxada...
Pois é, tudo isso seria normal pra qualquer pessoa mas....se essa pessoa não fosse eu. Se bem que, juro, não tive culpa, o amigo que morava lá perto não avisou então eu deixei meu carro na rua, perto do bar que era perto da casa...enfim, ficou lá, só que a bagunça foi até tarde e pra ninguém sair dirigindo por aí...
Acordamos 8 horas...bora pegar o carro pra ir pra casa....:
- Ai, esqueci de avisar...na rua onde você deixou seu carro...hoje .... é dia de feira....
- HÃ????? Como assim? Meu carro ta na feira??

Tava, eu fui conferir...olhei de longe e não tinha como não ver...o único objeto inanimado, vermelho...era meu carro, não dava pra confundir com uma melancia gigante.
Andei bem disfarçadamente pela feira...como quem não quer nada...me fingi de boba...passei, olhei e nem falei nada, vai que o feirante me taca uma beterraba na cabeça....
Lá estava meu carro, no meio dos repolhos, abobrinhas e couves-flores.
Fui, voltei...observei que colocaram metade dele na calçada....fecharam os retrovisores....tava lá.
Fiquei com cara de pastel...e nem vi a barraca de pastel.
Enfim, suspirei, dei um tchau sutil e....esperei a feira acabar pra resgatá-lo.
Meu coração ficou aflito, deixá-lo lá com estranhos, com verduras e frutas de procedência desconhecida mas...
Ele ficou bem, quando voltei era só sorrisos e ele me recebeu muito bem, funcionou e viemos pra casa...felizes para sempre.

Na próxima ele quer ficar perto da barraca do peixe..sabe como é, quem sabe ele pesca uma sardinha!?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Café da manhã

Ontem eu sentei pra tomar café com minha mãe, logo cedo, cedinho mesmo e eu adoro essa parte do dia porque a gente conversa um pouco, mas ontem eu não prestei muita atenção no assunto que ela falava, não por não estar agradável, mas sim por ter me perdido em pensamentos, olhando pra ela, o som da voz...
Fiquei admirando cada sílaba, cada gesto, cada expressão, cada ruga em seu rosto...
Percebi que o tempo passou, mas que ela continua linda.
Percebi que o tempo passou, e que isso nos leva da vida.... dia-a-dia.
Enquanto ela falava eu ia observando cada traço dos seus olhos, o contorno da sua boca, o sorriso ainda tão encantador...
Pensei no quanto de vida ela ainda tem, no quanto de vida ela já teve;
Das tristezas que fizeram parte da sua historia, das alegrias que superaram todas essas tristezas; dos sonhos que ela não conseguiu realizar; da realidade que nem sempre ela sonhou, mas que soube viver dignamente.
Queria tanto poder oferecer todo o conforto que sua idade e jornada merecem, mas nem sempre a gente pode tudo que deseja então eu ofereço meu tempo, minha atenção e mesmo quando as histórias são repetidas, e muitas vezes são, eu ouço. Mesmo quando não concordo com ela, eu ouço e procuro falar de um jeito que ela não fique triste porque ela triste me dói o coração. Ela doente me dói a alma porque dá medo de perdê-la.
As vezes fico olhando pro teto e pensando no quanto ainda terei de tempo com ela, porque esse é o ciclo da vida mas, e depois, o que eu faço? Como eu faço?
Então, antes que chegue o dia de aceitar a lei da natureza, eu procuro estar perto, beijar seu rosto, afagar seus cabelos, abraçar o abraço mais acolhedor do mundo porque essa é a missão da mãe, acolher....e eu me permito ser acolhida.
Quando ela soltou uma risada eu voltei pa nossa conversa e também ri, sem saber exatamente do que estava falando, mas sabia perfeitamente porque eu estava rindo, de felicidade por estar ali, mais um dia, ouvindo o som daquela voz.