sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Bokão! Eternas Saudades de você!

Lembro que um dia eu estava na calçada de casa, brincando com alguém ou com alguma coisa, lá pelos meus 9 ou 10 anos e do outro lado da rua eu vi uma menininha passando com um meio rabinho de cavalo que balançava conforme ela andava, ela me olhou e eu olhei e a gente se sorriu, aquelas coisas de criança que nem se conhece mas já vai sorrindo – como eu queria ser criança de novo – e ela passou e notei que todo dia passava. Ela era minha vizinha e toda vez que ela passava eu notava aqueles olhos verdes imensos, aquela boca de sorriso largo, escancarada, ela parecia não ter medo algum de dentista porque vivia de boca aberta e não demorou muito pra estarmos brincando de amarelinha ou corda no portão de casa.

Os anos foram passando, ela continuava com aquele meio rabinho e agora já usava uniforme de colégio sério mas ela não era de ter frescura, o uniforme escondia uma menina encantadora, sorridente (sempre) e muito tagarela.
Depois do uniforme foram as roupinhas de balada e nessa época a gente já se conhecia bem, já trocavamos confidências e falávamos de meninos de maneira envergonhada. Ela ria do nada, ela falava por tudo. E foram anos de brincadeiras, conversas, conselhos, baladas, jogos na rua, tomando chuva e bebendo água do cano, jogando futebol, voley, queimada, andando de bicicleta, escondendo o namorado pra mãe dela não ver e domingos ensolarados na rua Zero pra paquerar os motoqueiros.

Outros tantos anos se passaram, eu com meu barrigão de grávida e logo em seguida ela, meu menino e a menina dela...e nossa amizade ininterrupta.

Mais um tempo se passou e a menina sorridente continuou sorrindo, mas agora um sorriso triste, a dor já existia em seu corpo, as marcas da vida em sua alma e seu coração sedento de vida já sem forças pra lutar, mas ela lutou, dia após dia se firmando em suas pernas já fracas e cansadas, a esperança sempre em seus olhos já cansados, procurando uma fresta de luz pra continuar tentando, mas não foi suficiente....

A luta chegou ao fim e ela rendeu-se para descansar e voltar pra casa onde Ele a esperava de braços abertos.
Na minha lembrança não seu rosto sem vida, mas sim aquela alegria incontida, maior do que ela própria, maior do que eu sempre achei que fosse.
Ouço sua voz de sempre me dizendo: nossa como você está linda e mexendo no meu cabelo e falando besteiras e rindo sem limitar o som.

Na minha memória momentos inesquecíveis, 25 anos de uma amizade linda.

Tão cedo você nos deixou, mas tão muito você ensinou, foi uma honra ter conhecido você.

FABIANA APARECIDA IMAY!
24/03/1976
25/08/2010

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