Eu realmente gostaria de abraçar e confortar vocês
Muitas vezes me peguei revoltada com o andamento das coisas
Muitas vezes eu esperei vocês saírem de perto pra me corroer
por dentro e chorar pensando: e se fosse comigo?
Confesso que muitas vezes também considerei vocês errados,
alterados demais, insistentes demais, exagerados, quase loucos!
Mas depois me veio novamente o pensamento: e se fosse
comigo?
Eu me alteraria demais, insistiria demais, exageraria,
enlouqueceria... tanto quanto ou mais
Já dei as mãos a vocês num pedido de fé, e a minha maneira eu
pedi por vocês
Já falei de vocês quando sai daqui, já contei causos
milagrosos, tristes...felizes, com finais e reticências
Já vi crianças, jovens, adultos e velhos indo, vindo,
ficando...partindo ... pra nunca mais voltar.
Já me olharam nos olhos tão profundamente que me senti
desnuda na minha alma, impotente por não ajudar
Já ajudei, já acolhi e fiz coisas que nem podia fazer, as
regras que burlei, ou que “não sabia”
que existiam, pra ajudar vocês, trazendo no pensamento: e se fosse comigo?
Muitas vezes fui “fria”, impassível, por realmente não poder
fazer mais ou não saber mais o que fazer.
Quando vejo alguém chorando pelos corredores, tenho vontade
de ir lá dizer: calma, vai ficar tudo bem
Mas a verdade é que nem eu sei se ficará
Se fosse comigo eu também me agarraria ao credo, teria medo,
inseguranças...
Anos se passaram desde
a primeira vez que comecei a vir aqui. Mas ainda, até hoje, tudo me
emociona.
Desde a entrada, até a saída.
A dor do silêncio gritante dessas paredes me toca
profundamente e eu peço, com todo meu coração, que tudo seja feito na vontade
de Deus.
E sigo pra mais um dia de trabalho.
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