terça-feira, 8 de junho de 2010

No chão, agarrada com a almofada

Eu nunca entendi direito como algumas pessoas podem se achar donas de outras.
Fico tentando me colocar nessa situação e, simplesmente não consigo
Eu já fui bem ciumenta, confesso mas aprendi a respeitar minha individualidade, minha privacidade e minha liberdade de expressão e a dos outros também.
Concordo que temos que nos adaptar e rever alguns comportamentos quando estamos com uma pessoa, namorando, morando, comprometidas com a relação.
Não dá pra ficar indo em baladas noturnas, não dá pra ficar num barzinho até altas horas, respeito ao parceiro, mas não pode deixar de fazer outras coisas como sair com amigas de vez em quando, pegar um cinema, uma pizza, um sorvete, coisas pra se fazer durante o dia.
Um happy hour numa sexta com a turma do serviço, por que não?
Isso é essencial para que o relacionamento dê certo de verdade e não só pelo costume. Precisamos preservar nossos amigos, nossa vida, nossos gostos. Aceitar o outro como ele é, com a história que ele tem. Ninguém muda por ninguém. A pessoa que entra no relacionamento achando que o outro vai mudar por causa dela, engana-se....o outro pode até se adaptar mas a essência, puxa...é por essa essência que a outra pessoa se apaixonou.
Imagina eu; Eu sou bem extrovertida, gosto de dançar, de cantar, de falar besteira; Sei perfeitamente me comportar em ambientes familiares e sociais, faço por educação, por respeito aos outros mas gosto mesmo é de conversar, de sentar no chão da sala agarrada a uma almofada e tomar vinho de garrafão, eu sou assim...imagina que eu case com um cara que seja o oposto – sem essa de que os opostos se atraem – que não suporta quem sente no chão e queira me mudar....eu vou deixar de ser eu mesma se aceitar isso, se permitir que ele determine o lugar onde devo sentar dentro da minha própria casa...ou na casa dos amigos que sabem que eu gosto de sentar no chão....
Tudo bem, eu faço por ele...mas daqui um tempo eu vou começar a definhar, o sentimento começa a definhar porque eu deixei de ser eu mesma, porque eu deixei de fazer coisas que gosto e vou sentir saudade de mim e aí?? Aí que eu vou ficar desesperada pra me reencontrar e é nessa hora que o relacionamento acaba, quando eu sair em busca de mim novamente. Resgatar minhas raízes, meus gostos, quando eu me olhar no espelho e me reconhecer....
O outro, bem, o outro vai sentir falta de mim do jeito que me conheceu...sentando no chão...

Enfim, eu toquei no assunto porque um amigo muito querido me confidenciou uma coisa que me fez chateada por um momento, exatamente por causa disso...do ciúme, da “obrigação” que o outro tem de se desfazer de si mesmo pra agradar outra pessoa.

A minha/sua/nossa carta “subiu no telhado”...ou melhor, foi obrigada a subir e a se jogar do telhado porque outra pessoa não entendeu, não respeitou que a minha/sua/nossa carta faz parte de um passado que serviu de ponte pra chegar até ela.
Essas coisas parecem pequenas mas chateiam, é estranho saber que alguém se incomodou com uma recordação de tantos anos e não atentou que aquilo é uma história, que sem história não se conhece alguém, que sem passado não se tem presente.
Talvez seja por esse motivo que eu ainda esteja solteira, não consigo aceitar que outra pessoa determine o que fazer do meu presente, quanto mais do meu passado.

Meu baú está lá, a única que tira ou coloca algo ali, sou eu, e somente eu.

Se meu passado não pode ir comigo, então eu fico com ele.

Se meu presente precisa ser moldado pelas mãos de outra pessoa, então não vejo futuro.

2 comentários:

Steve Pen Sand'O disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Steve Pen Sand'O disse...

Eeeita!
Essa é a genuina, essa é a verdadeira, original de fábrica Márcia Resk!!
Iça! Uhu!!